29 de Agosto: Dia Nacional de Combate ao Fumo
Dia Nacional de Combate ao Fumo
29 de agosto
A doença tabagismo é uma das mais graves e longas pandemias da humanidade, vitimou centenas de milhões de fumantes nos últimos cem anos. Não se consegue o controle como aconteceu em muitas outras pandemias, como exemplo, a varíola, a peste bubônica, gripe influenza com vírus mutantes, entre outras. Atualmente cinco milhões de fumantes perdem precocemente a vida no mundo e 200 mil no Brasil, com previsão de aumento da mortalidade para dez milhões em 2020.
Por que considerar o tabagismo uma pandemia?
Porque é a principal causa de morte evitável no mundo. É contagiosa (tabagismo passivo), é transmissível (através do exemplo dos fumantes formadores de opinião como: ídolos, pais, irmãos mais velhos, professores, médicos e outros), sendo as maiores vítimas, as crianças e adolescentes com personalidade em formação.
Acredito que como toda pandemia, a doença tabagismo mereça atenção semelhante do governo, população e da mídia. A população deveria ser continuamente informada sobre as medidas de prevenção (tabagismo passivo), complicações e tratamento existentes. Deveria existir um departamento integrado entre as secretarias Municipais, Estaduais e Federais trabalhando em conjunto com atenção permanente e exclusivamente no controle do Tabagismo. Entre as inúmeras atribuições deste departamento, estaria a criação de uma central telefônica disponível, não apenas para esclarecer dúvidas sobre a doença, mas também informando quais os hospitais ou postos de saúde existentes, realmente capacitados para o tratamento, desta grave e secular enfermidade. O tratamento deve ser individualizado como em toda doença, gratuito, e multidisciplinar com fácil e rápido acesso. Garanto que isso é possível e não é uma utopia de alguns profissionais idealistas. Na saúde pública o tabagismo ocupa lugar de destaque já que contribui com o significativo número de 200 mil mortes anuais.
A população carente, maiores vitimas do tabagismo, seja da zona rural ou urbana, merece uma ampla campanha de esclarecimento, diferenciada, pois afinal a maioria não tem acesso a muitas informações, desconhecem o que seja tabagismo ativo e passivo, e não tem acesso aos serviços médicos. Precisamos levar à estes pacientes, todas as informações possíveis e dar a oportunidade de realizar exames através de aparelhos tipo Espirometros, permitindo um tratamento precoce do tabagismo e das doenças pulmonares fumo relacionadas tipo Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica e outras. Estes indivíduos seriam democraticamente tratados, constituindo-se num belo exemplo de justiça social.
O tabagismo tem perdido força nos últimos anos, entretanto o número de vítimas não deve ser banalizado, pois as taxas de mortalidade ainda são absurdas e inaceitáveis (mata mais que a soma das mortes causadas por AIDS, acidentes de automóveis, cocaína, heroína, álcool, suicídios e incêndios). O dano ambiental é também considerável. Sem contar que o tabagismo entre crianças e mulheres está em ascensão.
O Brasil é um dos maiores produtores e grande exportador de fumo, entretanto o lucro não paga nem de longe os gastos do governo com as doenças fumo relacionadas, sem contar, o que é mais importante, o sofrimento das vítimas.
Atualmente, felizmente existe um projeto em andamento, para mudar o plantio do fumo, para uma alternativa economicamente viável, e mais saudável para os trabalhadores da colheita do fumo, e os consumidores. Para cada 300 cigarros produzidos derrubam-se uma árvore. Estima-se que 25% dos incêndios são relacionados à baga de cigarro. Sete pessoas morrem diariamente vítimas do tabagismo passivo, que se constitui na terceira causa de morte evitável.
O que podemos fazer para amenizar e combater esta pandemia?
O tabagismo tem prevenção, com orientação sobre vida saudável, ainda na primeira infância. É mais fácil e barato desestimular o início do fumo na infância do que tratar o fumante idoso crônico Esta orientação anti -fumo deve ser repetida em todos os veículos de comunicações por toda vida, para tentar apagar da memória das pessoas, as lindas e quase inesquecíveis propagandas do cigarro, sempre vinculadas à imagem de homens e mulheres lindas e saudáveis, em carros e lanchas dos sonhos. O controle de uma pandemia desta magnitude e longevidade, é responsabilidade de toda população, exige um grande esforço não apenas do governo, e sim de todos os cidadãos, que precisam assumir este compromisso social, pelo bem da saúde coletiva. A luta contra o Tabagismo deve ser diária e não apenas em datas comemorativas. Os cigarros de baixos teores de nicotina e aromatizantes são uma verdadeira armadilha para a população. È necessário uma ampla campanha de esclarecimento, alertando sobre os seus reais malefícios.
A aprovação da lei antifumo adotada em algumas cidades brasileiras, inclusive Salvador, foi um grande avanço e importante vitória para preservação da saúde pública, com impacto social e econômico incalculável tanto a curto e principalmente a longo prazo.
Guilhardo Fontes Ribeiro
Doutor em Medicina Interna
Professor Adjunto da Escola Bahiana de Medicina
Professor de Medicina da FTC
Coordenador do Ambulatório de DPOC do Hospital Santa Isabel


